
O “S” de ESG em 20 ações práticas para qualquer empresa
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24/09/202420 Ações Práticas para o G de ESG
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O “Governance” no ESG representa o eixo da governança e abrange as estruturas e processos internos de uma empresa que garantem a sua gestão ética, transparente e responsável, de forma a criar uma mentalidade de ESG – e vale lembrar que as questões relacionadas ao E, ao S e ao G são interligadas: um aspecto pode ser, ao mesmo tempo, a) de governança e social ou b) de governança e ambiental ou c) de governança e social e ambiental.
Segue uma lista com 20 práticas de “G” que podem ser adotadas em qualquer empresa, mas é importante fazer uma ressalva: a implementação dessas ações deve ser gradual e adaptada à realidade de cada organização, porque depende do seu porte, do setor de atuação e da cultura organizacional. O importante é iniciar o processo e buscar a melhoria contínua.
- Transparência e comunicação
- Implemente um código de ética e conduta que seja real: verifique se o código aborda temas sensíveis, mas importantes como conflito de interesses, presentes, suborno, assédios moral e sexual, pagamento de propinas e divulgação de informações privilegiadas; ele deve ter uma lista específica de condutas inadmissíveis. Divulgue-o para todos os colaboradores e fornecedores e garanta que ele seja compreendido.
- Tenha um canal de denúncias eficaz: implemente um canal de denúncias anônimo e seguro (como uma plataforma online) para que os colaboradores possam reportar suspeitas de irregularidades sem medo de retaliações. Garanta a confidencialidade das denúncias e investigue todas de forma imparcial e rápida.
- Informe os desempenhos ESG: divulgue claramente a estratégia de ESG para todos os colaboradores por meio de relatórios de sustentabilidade que comuniquem as práticas de forma transparente e completa; utilize frameworks conhecidos e eficazes como o GRI (Global Reporting Initiative) ou o SASB (Sustainability Accounting Standards Board) para garantir a qualidade dos informes. Se sua empresa for pequena, comece com relatórios simples e concentre em áreas-chave mais impactantes.
- Promova a transparência financeira: publique as demonstrações financeiras da empresa de forma clara e precisa, em conformidade com as normas contábeis, para que todos entendam a saúde financeira de onde trabalham, por pior que pareça ser: transparência não é apenas para quando houver lucro.
- Formalize: documente a política geral da organização, a missão, os valores, a política de anticorrupção, a política de segurança da informação, a política anticoncorrencial de combate ao antitruste, a política de gestão de riscos de negócio, o propósito e a estratégia em relação à sustentabilidade, o compromisso com o desenvolvimento sustentável, o compromisso com o compliance, as responsabilidades e as competências de cada cargo em todos os níveis hierárquicos. São conhecimentos que devem ser explícitos e permanecer públicos e não podem sair de férias junto com os encarregados deles.
- Governança do conselho administrativo
- Crie um conselho administrativo ou consultivo independente: certifique-se que os membros não tenham vínculos com a empresa além de seus mandatos. Para pequenas empresas, uma alternativa é criar um conselho consultivo informal composto por mentores ou consultores externos que se reúnem periodicamente para oferecer recomendações estratégicas.
- Implemente um comitê de auditoria ou supervisão: crie um comitê composto por conselheiros independentes para supervisionar as atividades de auditoria interna e externa da empresa. Se isso for inviável seja por falta de pessoal ou por falta de orçamento, considere a realização de auditorias externas anuais ou a criação de um pequeno grupo interno responsável por supervisionar as finanças e operações críticas.
- Avalie a remuneração da alta gestão: estabeleça uma política de remuneração da alta gestão que seja transparente e alinhada com os objetivos de longo prazo da empresa. Vincule a remuneração dos executivos ao desempenho da organização e ao cumprimento de metas de sustentabilidade. Pequenas empresas podem adotar uma política de bônus simples baseada no desempenho e na contribuição para os objetivos gerais.
- Gestão de riscos e compliance
- Cumpra a legislação e os acordos: implemente um procedimento para acessar normas legais atualizadas e para repassar as obrigações legais para as áreas responsáveis, além de monitorar seu cumprimento e os planos de ação para o que não for atendido; faça o mesmo com contratos, acordos, procedimentos e qualquer regra que a organização voluntariamente se comprometer a seguir. Empresas menores podem usar serviços de assinatura que fornecem atualizações legais automáticas e designar um responsável para garantir um gerenciamento geral.
- Realize auditorias internas regulares: conduza auditorias internas regulares para avaliar a conformidade da organização com a legislação, com procedimentos internos e com acordos. Aumente a frequência das auditorias em áreas de maior risco. Se a auditoria interna for inviável, empresas pequenas podem optar por auditorias externas periódicas focadas nas áreas mais críticas – daí a importância de um comitê de auditoria ou supervisão (item 7).
- Avalie os riscos ESG: identifique os riscos ESG que podem afetar a empresa, como climáticos, sociais e de reputação. Entenda materialidade e dupla materialidade. Para pequenas empresas, comece com os riscos mais imediatos e desenvolva planos simples para mitigá-los.
- Proteja os dados pessoais: garanta a conformidade com a legislação de proteção de dados e implemente medidas para proteger os dados pessoais de colaboradores, clientes e demais stakeholders e também para manter a integridade da informação tanto em seu armazenamento quanto em sua disponibilização. Desenvolva um plano de emergência para lidar com crises, como falhas ou vazamento de dados.
- Cultura organizacional e desenvolvimento
- Incentive a participação dos colaboradores: crie mecanismos para que os colaboradores possam participar das decisões da empresa e oferecer sugestões de melhoria. Pode ser desde participação ativa com voz em votação até uma caixa de sugestões, mas que sejam efetivamente analisadas e recebam retorno.
- Invista em treinamento e desenvolvimento: ofereça treinamentos regulares sobre ética, compliance, governança corporativa, práticas anticoncorrenciais, legislação anticorrupção, gestão de riscos e oportunidades para todos os colaboradores, além de quaisquer tópicos relacionados à materialidade definida pela organização. Incentive o desenvolvimento de competências relacionadas à sustentabilidade. Para pequenas empresas, considere workshops informais ou a utilização de recursos educacionais online gratuitos.
- Avalie a cultura organizacional: promova uma cultura organizacional que valorize a ética, a transparência e a responsabilidade. Isso se traduz nos processos seletivos, no plano de cargo e carreira, na implementação do código de ética e conduta, na transparência das comunicações, na análise de causa-raiz e nos tratamentos de irregularidades e não conformidades. Crie mecanismos para avaliar essa cultura periodicamente. Pequenas empresas podem fazer isso mediante conversas abertas e pesquisas simples com os funcionários.
- Crie um comitê de sustentabilidade: forme um comitê – ou, no mínimo, designe uma pessoa – para acompanhar e avaliar as iniciativas de sustentabilidade da empresa e garanta a participação de representantes de diferentes áreas. Defina metas claras e mensuráveis de sustentabilidade, alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
- Relacionamento com terceiros
- Efetue due diligence: trabalhe com parceiros idôneos e que têm mentalidade similar em relação ao ESG; pesquise e investigue fornecedores, terceiros e prestadores de serviço antes da contratação e após também regularmente.
- Estabeleça parcerias estratégicas: colabore com outras empresas, organizações da sociedade civil e governos para promover práticas de governança corporativa responsáveis. Empresas menores podem buscar parcerias locais com ONGs ou associações empresariais para implementar práticas de governança.
- Adote as melhores práticas do setor: consulte códigos de melhores práticas de governança corporativa, como o do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
- Mantenha-se alinhado com investidores e stakeholders: demonstre como as ações da organização contribuem para a criação de valor a longo prazo para eles e alinhe suas estratégias com os interesses de toos. Empresas menores podem focar na transparência com investidores locais ou parceiros financeiros e comunicar regularmente os progressos e desafios. Entenda que transparência é sobre comunicar o que o outro precisa saber, de forma adequada e em tempo hábil.
De forma ampla, ações para promover o governança podem se relacionar a definir a estrutura e a composição do governança corporativa; definir o propósito e a estratégia em relação à sustentabilidade; a abordagem quanto a compliance; implementação de um programa de integridade e de práticas anticorrupção; efetivar práticas de combate à concorrência desleal (antitruste); promover engajamento das partes interessadas; gerir os riscos do negócio; implementar controles internos; realizar auditorias interna e externa; conhecer e cumprir os ambientes legal e regulatório; garantir segurança da informação e privacidade de dados pessoais; ser responsável e prestar contas (accountability); elaborar e divulgar relatórios ESG, de sustentabilidade e/ou relato integrado, entre outros critérios.
Kesley Barbosa
30.08.2024